4.3.10

Dormindo com Estranhos

Quem me conhece sabe da minha saga em assistir aulas na Barra da Tijuca. Atualmente, moro na Tijuca e trabalho no Centro do Rio. Dando uma básica olhada no mapa, não é difícil perceber que os pontos são razoavelmente distantes e, com um sistema de transportes caótico no Rio de Janeiro, é quase impossível chegar a algum destino com menos de 40 minutos.

Último período da faculdade, em breve, muito em breve na verdade, estarei com um canudo na mão. Em meu atual estado de nervos, em que escrevo cerca de 12h diárias, para o trabalho e para a monografia, gostaria que tal canudo fosse, apenas, para tomar um delicioso milkshake de ovomaltine. Além de necessitar do diploma para ontem, mesmo que não tenha mais valor (deixo registrado neste parêntesis o meu irônico VALEU, STF!), acho melhor fechar a boca. Seria bom perder, no mínimo, uns cinco quilos, mas no mundo ideal seriam dez.

FOCO! Meu peso não influencia a vida dos outros. Nem meus textos. De qualquer forma, voltemos ao blá-blá-blá. Tenho três matérias presenciais e uma online para concluir o curso de Jornalismo. As presenciais me garantem uma canseira sem tamanho. Todas são de projetos experimentais, ou seja, pesquisa e escrita. Até um livro-reportagem deverei escrever. Entretanto, o ponto principal do post são as eternas horas passadas dentro do coletivo.

Já tentei todas as formas de sair do Centro da cidade e chegar à Barra da Tijuca. Ônibus pela Zona Sul. Metrô + Integração Barra. Van pela Zona Sul. Metrô + ônibus pela Linha Amarela. Não existe opção melhor. Não é exagero. Em todas as opções, desconsiderando o valor de passagem diferenciado, não demoro menos de duas horas para chegar ao destino final. Se a aula é sexta-feira, amigo, prepare-se. Parece que todas as pessoas que possuem carro fazem questão de tirá-los da garagem na sexta e me deixarem de bunda quadrada após três horas de ônibus. Claramente um complô contra esta abóbra que os escreve.

A ideia é inovar. Pelo menos foi o que pensei. Escolhi um ônibus que posso, após ficar 40 minutos na fila, ir sentada todo o percurso. Assim, fiz um laboratório para escolher a melhor atividade para minhas três horas de reflexão. Música. Textos da faculdade. Pensamentos soltos. Conversas pelo celular. Conversas com o vizinho de banco.

A melhor opção foi uma noite singela, com o ar-condicionado do coletivo no máximo (ah, mereço um conforto, vai!), devidamente agasalhada, posicionada na janela, encostei a cabeça no vidro e...dormi. Posso até ter roncado, nunca saberei, mas o que abriu - ou fechou - meus olhos foi a oportunidade de descansar nesse tempo interminável. A única coisa estranha é que, entre as cochiladas, meus companheiros de banco mudam e sempre tenho a esquisita sensação de estar dormindo com inúmeros desconhecidos. Homens e mulheres. Credo, quanta promiscuidade!